Capítulo 10: Zumbis

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror

 

Data indefinida…

 

                - Está fundo demais. – Gathes falou assim que sua cabeça voltou a aparecer na superfície da água. – Eu não consigo chegar nadando, mas eu tive uma ideia.

 

                O grupo estava dividido.

                Gathes agora estava nadando de volta a margem onde Iuha se encontrava protegendo seus equipamentos. Um pouco mais distante dali, Elhud, Soe e Medran se mantinham próximas a passagem que dava para a parte da caverna repleta de musgo.

                A divisão visava garantir que ninguém viesse despercebido de nenhuma das duas passagens, mas sem se darem conta disso, todos acabaram voltando suas atenções para Gathes.

 

Iuha (caçadora)
                - Você viu alguma passagem? Alguma saída? – Elhud perguntou.

                - Nada. Mas é possível que exista... – O mercenário havia retirado um rolo de corda da mochila e estava amarrando em sua cintura.

                - O que você vai fazer? – Iuha perguntou.

                - Segure essa extremidade bem firme e puxe duas vezes bem forte se precisar que eu suba. – disse jogando o rolo e depois olhando ao redor. Encontrou uma pedra bem pesada e a recolheu nos braços. – Isso aqui deve dar.

                - E se você for mais fundo do que seu fôlego aguenta?

                - Bem... Aí você me puxa de qualquer jeito.

 

                Se havia algo mais a ser dito, simplesmente não deu tempo.

                Gathes voltou para a água e rapidamente começou a afundar, deslocando-se lentamente a frente e para baixo enquanto segurava a pedra, tentando o máximo possível se aproximar do que quer que fosse aquilo que brilhava no fundo.

                - Quer saber? Eu vou também. – Elhud falou e rapidamente começou a largar suas coisas ali mesmo.

                - Eu não sei se isso é uma boa ideia. – Medran olhou ao redor considerando alguns cenários em sua mente.

                - Você quer ou não quer sair daqui? – se desfazendo da maior parte da roupa, a ladra entrou na água fria sem realmente olhar para a sacerdotisa. – Eu é que não quero ficar esperando aquela porta abrir.

 

                E os momentos que se seguiram foram de profundo silêncio.

                Segundos de expectativa e tensão enquanto as três na margem dirigiam seus olhares para o interior da água do lago.

                Apesar do brilho que emanava do fundo, a maior parte era sombria e era com dificuldade que conseguiam enxergar o que acontecia ali.

                Foi sob essa tensão que Medran sentiu algo frio tocar em seu ombro.

                Assustada, a sacerdotisa se virou rapidamente pra trás em tempo de contemplar uma silhueta esguia e pálida ainda com o braço e mão estendidos em sua direção.

 

                - Soe! – ela gritou numa segunda olhada.

 

                A garota não teve tanta sorte.

                Sem entender o que estava acontecendo, sentiu o peso gelado de alguém desabando sobre si no exato momento em que pretendia virar.

                Acima de si o homem de aspecto cadavérico e olhos parados movia sua boca aberta para mordê-la.

 

                - Iuha! Zumbis! – foi a segunda coisa que a sacerdotisa gritou enquanto rapidamente atacava a criatura mais próxima de si.

                - O porcaria... – a caçadora resmungou, dando dois puxões fortes na corda antes de largar o mais rápido que pode para alcançar seu arco. – Mais essa agora?!

 

                Caída no chão, Soe se esforçava em evitar ser mordida. Empurrava a criatura com ambas as mãos enquanto aguardava uma oportunidade de alcançar sua foice.

                Medran desferiu um segundo golpe, dessa vez atingindo em cheio a cabeça da criatura e o derrubando.

 

                - Tem mais chegando! – gritou ao avistar mais dois aparecendo sob a luz do lampião. Estavam vindo da passagem que dava para a sala cheia de musgo.

 

                Elhud apareceu na superfície nesse momento, recuperando o fôlego, olhando os focos de luz ao redor para se localizar e percebendo silhuetas se movendo de forma incomum.

 

                - Gente? O que tá acontecendo?

 

                A flecha de Iuha cruzou o ar e atingiu um dos zumbis que estava entrando naquele momento.

 

                - Como é que se mata isso?! – a caçadora gritou. Sua flecha estava atravessada no meio do peito da criatura e ainda assim ela continuava a se mover.

 

                Um segundo zumbi caiu sobre Soe e ela sentiu algo machucar sua coxa.

                Gathes apareceu logo em seguida, nadando o mais rápido possível para a margem.

 

                - Eu não posso deixar vocês cinco minutos... – reclamou enquanto alcançava sua montante e Iuha dava um segundo disparo. Na outra parte da margem Medran arrebentava a cabeça de um dos zumbis que estavam sobre Soe e Elhud finalizava com suas adagas o que havia sido atingido pela flecha.

                Passado o primeiro momento do susto, acabar com os demais foi simples.

                Seus movimentos eram lentos e isso era foi mais do que suficiente para Gathes corta-los ao meio com a espada.

                Ao fim da luta, sete das criaturas estavam caídas no chão diante do grupo reunido.

 

                - Mas o que é isso? – Iuha perguntou enquanto pegava suas flechas de volta.

                - Não vá me dizer que foi isso que aconteceu com os exploradores... – Elhud cutucou um deles com o pé, ainda mantendo as adagas prontas pra qualquer reação.

                - Não... – Medran olhou bem ao redor, movendo a luz do lampião entre os corpos caídos e analisando melhor a situação. – É a primeira vez que vejo algo do tipo.

                - Como assim?

 

                Os zumbis estavam nus ou cobertos por trapos muito velhos.

                Apesar disso, seus corpos pareciam bem preservados, quase como se estivessem vivos apesar da extrema palidez da pele e do frio de seus corpos.

 

                - São zumbis, disso eu tenho certeza. – ela falou. – Mas não são nada parecidos com os que eu já encontrei antes.

                - Falta a podridão e a decadência dos corpos... – Gathes falou, dando as costas e indo buscar suas coisas. Ainda estava nu e tudo o que carregava era sua montante.

                - Exatamente. – a sacerdotisa se voltou para o grupo. – O que quer que tenha acontecido com eles... Foi obra de uma magia muito poderosa... E foi há muito tempo atrás.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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