Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror
Data indefinida…
- Está fundo demais. – Gathes falou assim que sua cabeça voltou a aparecer na superfície da água. – Eu não consigo chegar nadando, mas eu tive uma ideia.
O grupo estava dividido.
Gathes agora estava nadando de volta a margem onde Iuha se encontrava protegendo seus equipamentos. Um pouco mais distante dali, Elhud, Soe e Medran se mantinham próximas a passagem que dava para a parte da caverna repleta de musgo.
A divisão visava garantir que ninguém viesse despercebido de nenhuma das duas passagens, mas sem se darem conta disso, todos acabaram voltando suas atenções para Gathes.
Iuha (caçadora) |
- Nada. Mas é possível que exista... – O mercenário havia retirado um rolo de corda da mochila e estava amarrando em sua cintura.
- O que você vai fazer? – Iuha perguntou.
- Segure essa extremidade bem firme e puxe duas vezes bem forte se precisar que eu suba. – disse jogando o rolo e depois olhando ao redor. Encontrou uma pedra bem pesada e a recolheu nos braços. – Isso aqui deve dar.
- E se você for mais fundo do que seu fôlego aguenta?
- Bem... Aí você me puxa de qualquer jeito.
Se havia algo mais a ser dito, simplesmente não deu tempo.
Gathes voltou para a água e rapidamente começou a afundar, deslocando-se lentamente a frente e para baixo enquanto segurava a pedra, tentando o máximo possível se aproximar do que quer que fosse aquilo que brilhava no fundo.
- Quer saber? Eu vou também. – Elhud falou e rapidamente começou a largar suas coisas ali mesmo.
- Eu não sei se isso é uma boa ideia. – Medran olhou ao redor considerando alguns cenários em sua mente.
- Você quer ou não quer sair daqui? – se desfazendo da maior parte da roupa, a ladra entrou na água fria sem realmente olhar para a sacerdotisa. – Eu é que não quero ficar esperando aquela porta abrir.
E os momentos que se seguiram foram de profundo silêncio.
Segundos de expectativa e tensão enquanto as três na margem dirigiam seus olhares para o interior da água do lago.
Apesar do brilho que emanava do fundo, a maior parte era sombria e era com dificuldade que conseguiam enxergar o que acontecia ali.
Foi sob essa tensão que Medran sentiu algo frio tocar em seu ombro.
Assustada, a sacerdotisa se virou rapidamente pra trás em tempo de contemplar uma silhueta esguia e pálida ainda com o braço e mão estendidos em sua direção.
- Soe! – ela gritou numa segunda olhada.
A garota não teve tanta sorte.
Sem entender o que estava acontecendo, sentiu o peso gelado de alguém desabando sobre si no exato momento em que pretendia virar.
Acima de si o homem de aspecto cadavérico e olhos parados movia sua boca aberta para mordê-la.
- Iuha! Zumbis! – foi a segunda coisa que a sacerdotisa gritou enquanto rapidamente atacava a criatura mais próxima de si.
- O porcaria... – a caçadora resmungou, dando dois puxões fortes na corda antes de largar o mais rápido que pode para alcançar seu arco. – Mais essa agora?!
Caída no chão, Soe se esforçava em evitar ser mordida. Empurrava a criatura com ambas as mãos enquanto aguardava uma oportunidade de alcançar sua foice.
Medran desferiu um segundo golpe, dessa vez atingindo em cheio a cabeça da criatura e o derrubando.
- Tem mais chegando! – gritou ao avistar mais dois aparecendo sob a luz do lampião. Estavam vindo da passagem que dava para a sala cheia de musgo.
Elhud apareceu na superfície nesse momento, recuperando o fôlego, olhando os focos de luz ao redor para se localizar e percebendo silhuetas se movendo de forma incomum.
- Gente? O que tá acontecendo?
A flecha de Iuha cruzou o ar e atingiu um dos zumbis que estava entrando naquele momento.
- Como é que se mata isso?! – a caçadora gritou. Sua flecha estava atravessada no meio do peito da criatura e ainda assim ela continuava a se mover.
Um segundo zumbi caiu sobre Soe e ela sentiu algo machucar sua coxa.
Gathes apareceu logo em seguida, nadando o mais rápido possível para a margem.
- Eu não posso deixar vocês cinco minutos... – reclamou enquanto alcançava sua montante e Iuha dava um segundo disparo. Na outra parte da margem Medran arrebentava a cabeça de um dos zumbis que estavam sobre Soe e Elhud finalizava com suas adagas o que havia sido atingido pela flecha.
Passado o primeiro momento do susto, acabar com os demais foi simples.
Seus movimentos eram lentos e isso era foi mais do que suficiente para Gathes corta-los ao meio com a espada.
Ao fim da luta, sete das criaturas estavam caídas no chão diante do grupo reunido.
- Mas o que é isso? – Iuha perguntou enquanto pegava suas flechas de volta.
- Não vá me dizer que foi isso que aconteceu com os exploradores... – Elhud cutucou um deles com o pé, ainda mantendo as adagas prontas pra qualquer reação.
- Não... – Medran olhou bem ao redor, movendo a luz do lampião entre os corpos caídos e analisando melhor a situação. – É a primeira vez que vejo algo do tipo.
- Como assim?
Os zumbis estavam nus ou cobertos por trapos muito velhos.
Apesar disso, seus corpos pareciam bem preservados, quase como se estivessem vivos apesar da extrema palidez da pele e do frio de seus corpos.
- São zumbis, disso eu tenho certeza. – ela falou. – Mas não são nada parecidos com os que eu já encontrei antes.
- Falta a podridão e a decadência dos corpos... – Gathes falou, dando as costas e indo buscar suas coisas. Ainda estava nu e tudo o que carregava era sua montante.
- Exatamente. – a sacerdotisa se voltou para o grupo. – O que quer que tenha acontecido com eles... Foi obra de uma magia muito poderosa... E foi há muito tempo atrás.
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