Capítulo 02: Cythir Xuseror

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Ilha de Cythir Xuseror

 

Dia da décima terceira noite de Tei’samus do quarto ano de Raquin O Grande

 

Chegada a Ilha Cythir Xuseror
            - Óleo, lampião, corda, suprimentos para dez dias... – Medran listava em voz alta, dizendo para Iuha tudo o que haviam descarregado da pequena embarcação.

            - Vocês sabiam que há muito tempo atrás uma grande bola de fogo caiu sobre a montanha Rashaag? – o barqueiro Tonin começa a contar com voz empolgada enquanto aponta para a montanha. – Dizem que na cratera se formou um lago... 

             Sem dar muita atenção, os membros do grupo apenas continuam seus afazeres, terminando de descarregar e separando os equipamentos em mochilas individuais.

 

            - Não que isso faça muita diferença. – ele continua. – Afinal, o lugar é amaldiçoado. Eu avisei ao homem... Qual era o nome dele? Eu não lembro, mas sei que ele se dizia explorador. Coitado...

 

            - Conhecemos a história. – Elhud comenta enquanto checa sua mochila.

            - Ainda dá tempo de voltar para Polmon se vocês quiserem. Vem vindo uma tempestade e sabe-se lá quando vai passar.

            - Nós viemos aqui para realizar um trabalho. – Gathes fala em tom sério e mal humorado, se aproximando de Tonin e o encarando nos olhos. – E nós vamos cumpri-lo. Você me entende?

 

            Tonin recua e se encolhe ligeiramente.

 

            - S.S...  Sim, senhor. É claro... É só que...

            - O trabalho. Ele será concluído.

 

            O barqueiro prefere se calar, observando em silêncio enquanto o grupo termina os preparativos.

 

            - Ele tem razão quanto a tempestade. – Iuha fala enquanto ergue sua mochila da areia e a coloca nas costas. Ela aponta na direção do horizonte. – Há uma formação feia de nuvens e o vento sopra para cá.

            - É o que estou dizendo. – Tonin aproveita a deixa, um pouco mais cuidadoso agora. – O verão vem chegando e a estação das chuvas vai começar. Essa tempestade deve chegar essa tarde ou a noite e quando a começar, não conseguirei buscá-los antes de um dia de vento bom.

            - E quando será isso? – Elhud parece se preocupar. Está ao lado de Nathur que por sua vez parece mais focado em armazenar com cuidado os papéis e a tinta para que não ocorra nenhum acidente.

            - A tempestade vai ter que passar uma hora. – Gathes replica antes que Tonin possa responder. – O plano continua o mesmo. Assim que a tempestade passar, todos os dias, da manhã ao meio dia você vai esperar. Se daqui até sete noites nós não voltarmos, não precisa vir mais.

 

Entrada da caverna de Rashaag
            Dito isso o homem se afasta, posicionando-se ao lado de Soe que encara fixamente a entrada da caverna.

 

            - Sete dias para descobrir o que aconteceu e partir. Certo?

 

            Em sua distração, a garota demora a entender e quando se dá conta apenas que sim com a cabeça.

  

            - Então... Quem vai primeiro? – Elhud pergunta em tom de piada assim que o grupo se reúne em prontidão.

            - A carta dizia algo a respeito de diabretes. – Medran comenta. – É melhor checarmos, não?

 

            Iuha toma a frente, se aproximando com cuidado da entrada da caverna.

            Com suas habilidades de caçadora ela nota que houve movimento recentemente por ali. Pequenos detalhes que passariam despercebidos para olhos não treinados, mas que para ela estavam claros como o dia. Ela faz sinal para o grupo se aproximar enquanto ela mesma alcança seu arco e se prepara.

            A entrada não é muito mais que um grande buraco escuro na encosta da montanha de onde um cheiro fétido pode ser sentido mesmo do lado de fora e é com extrema cautela que eles dão os primeiros passos em direção ao interior.

            Seus olhos levam um tempo para se adaptar a escuridão e não mais do que a luz que vem através da abertura de entrada ilumina restos podres, ossos e conjuntos de esqueletos espalhados por todo lado. A maioria do que esta ali parece ser animal, mas não todos.

            De um canto escuro, fora da visão do grupo, o barulho de resmungos irritados ecoa. Gathes, com uma de suas espadas em punho, faz sinal para que o grupo pare e faça silêncio.

 

            - Parece ser só um. – Iuha cochicha. – Mas não consigo ver.

            - Tá. E qual vai ser o plano? – Medran pergunta apertando o cabo de sua maça de combate.

            - Eu tive uma ideia. – Elhud sussurra e então se move sorrateiramente esticando seu corpo enquanto agarra alguma coisa junto ao chão. Ela se prepara pra arremessar, claramente planejando atrair a atenção do que quer que estivesse ali, mas assim que pressiona o objeto o sente ceder de forma pastosa e fétida por entre seus dedos.

            - Iuuuh... – Soe murmura com cara de nojo. – O que é isso?

            - Merda de diabrete. – Gathes responde automaticamente.

            - Ai que nojo. – Medran faz careta enquanto Elhud balança sua mão tentando se livrar das fezes e da sensação.

            - Shiu! – Iuha sussurra séria. – Ele ficou quieto. Eu vou atirar.

 

            Sem pensar duas vezes, ela retira uma flecha de sua aljava e a posiciona no arco. O som da corta retesando é acompanhada de um breve calculo mental que antecede o disparo que acaba por atingir o teto de pedra.

            Com o susto, o diabrete escapa gritando irritado dando ao grupo apenas tempo de ver para onde correu.

 

            - Então isso é um diabrete. – Nathur comenta, um tanto interessado. – Em algumas circunstancias daria até pra confundir com uma criança.

            - Ainda mais ser a criança for muito feia... – é o que Gathes diz enquanto toma a frente do grupo se movendo na mesma direção para onde a criatura foi.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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