Capítulo 07: Um Chamado

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror


Décima terceira noite (?) de Tei’samus do quarto ano de Raquin O Grande

 

Soe

               
“- Venha até mim...” – a voz soou como um sussurro em tom firme e autoritário.

 

                Soe, deitada em sua cama improvisada na caverna, acordou de repente.

                Estava sozinha.

                Ela sabia que a caverna estava escura, mas enxergava tudo como se fosse dia.

                Seus olhos vasculharam rapidamente o lugar. Os pilares, as pinturas, as camas de seus companheiros de jornada...

 

                “- Venha até mim.” – ouviu como se a voz viesse de dentro de sua própria cabeça.

 

                Desde pequena Soe sentia como se algo a chamasse para aquele lugar.

                Às vezes, na beira da praia, se pegava olhando para a montanha distante, as vezes ela sonhava e então, já em seus quatorze anos, a ideia apareceu em sua cabeça como a maioria das ideias... De lugar nenhum e decidindo ficar.

                Com o passar dos dias a ideia criou raízes, se transformando no interesse que motivou a contração de Ewarg Bericwa.

                O homem parecia ser capaz e quando a carta que chegou às mãos de Soe, o interesse evoluiu ainda mais.

                Agora ela não queria saber. Ela precisava.

                Como uma fome muito especifica, mas ainda fraca. Algo visceral que precisava ser satisfeito.

                E todos os dias esperando por mais noticias apenas aumentaram a sensação. O cheiro do bolo assando no forno e a espera para que fique pronto...

                Seria difícil descrever como Soe se sentiu ao descer na ilha e contemplar a entrada da caverna de Rashaag.

                A curiosidade e o interesse pelo mistério unidos a sensação de que algo em sua vida finalmente fazia sentido, mesmo que não soubesse dizer o que ou explicar por que.

                Ao mesmo tempo, algo novo, a vontade de voltar. Sair dali e abandonar de vez a coisa toda indo para o mais longe possível daquele lugar.

                ...Mesmo tendo certeza de que nunca seria capaz esquecer totalmente.

 

                - Sete dias para descobrir o que aconteceu e partir. Certo? – foi Gathes quem a despertou daquele estado e tudo o que Soe conseguiu fazer foi acenar um sim.

 

                Mas agora, dormindo e sabendo que estava sonhando, havia realmente uma voz.

                O chamado não era mais só uma sensação.

                Ela se colocou de pé e seus pés a guiaram pela caverna com a precisão de quem conhece cada centímetro do lugar.

                Não ouvia mais nada, nem mesmo sua própria respiração, apenas aquele som... *tum tum*.

                A batida ritmada de tempo em tempos... *tum tum*...

                E então, chegando ao destino, com o som ecoando em seus ouvidos e reverberando em seu próprio peito *tum tum*, contemplou a estátua a sua frente.

                As asas abertas, a face sofrida e um grande buraco onde antes devia haver um coração.

                Detalhes tão perfeitos esculpidos na pedra, prendendo seu olhar...

 


                “- Venha até mim.” – mais uma vez ouviu chamar.

 

                E olhando diretamente para a face da estátua, viu seus olhos se abrirem e a encarar.

 

                Soe acordou de uma só vez.

               Observando o acampamento ao redor percebe Medran olhando diretamente para ela.

 

- Você está bem? – a sacerdotisa pergunta e Soe sente a desconfiança em sua voz.

                - Eu sei para onde devemos ir.

 

                Iuha acorda ou talvez nem tivesse chegado a dormir.

 

                - Eu não consigo explicar como sei... Mas eu sei para onde devemos ir.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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