Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Vilarejo de Polmon
Dia da décima primeira noite de Tei’samus do quarto ano de Raquin O Grande
Entrada da loja de magia e feitiços Natma Nelessis |
- Este não me parece o tipo de lugar frequentado por deuses… - Iuha Othotan é quem responde. Uma mulher de cabelos negros e com uma notável cicatriz no rosto. - Ou pelo menos não o tipo de deuses para os quais eu rezaria.
- Não é
como se eles fossem responder de um jeito ou de outro, não é mesmo? - a garota
de cabelo ruivo entrou na conversa. Tinha estampado no rosto um leve sorriso e
seus olhos saltavam de objeto a objeto nas prateleiras empoeiradas, considerando se valeria a pena roubar algo daquele lugar.
Iuha ergueu as sobrancelhas inclinando levemente a cabeça, talvez concordando silenciosamente enquanto uma quarta pessoa afastava as cortinas que separavam a entrada da loja da rua.
Os olhos de Nathur Kamoe se voltaram para as pessoas ali dentro, especialmente para a velha com cara de poucos amigos no canto escuro que lentamente se movia para frente e para trás em sua cadeira de balanço.
- Essa aqui é Natma Nelessis? - perguntou com voz suave.
- A única. - Gathes Bornula respondeu em um tom sério e um pouco mal humorado enquanto aguardava a passagem ser liberada para poder entrar. - Com licença, mocinha.
Interior da loja Natma Nelessis |
Em uma das estantes, mergulhados em um líquido viscoso, um par de olhos ainda conectados a um cérebro parecia observar tudo. Em outra prateleira, Nathur poderia jurar ter visto uma caixa se mexer sozinha.
O conjunto de frascos dispostos numa caixa com tampo de vidro sobre o balcão possua líquidos tão escuros que até mesmo a fraca luz das velas parecia sumir em seus interiores.
Desconfiado, Gathes permaneceu junto a única saída, inibindo sem querer o instinto de Medran que tanto a fazia desejar sair dali.
Sons são ouvidos dos fundos e depois de um breve momento, atravessando a cortina preta, uma jovem surge por trás do balcão. Ela observa o grupo em silêncio sem demonstrar qualquer emoção.
- Você deve ser a Soe. - Iuha inicia a conversa, preferindo não perder mais tempo.
- Enfim, nossa contratante. - Elhud disfarça, desistindo de tentar pegar um anel ao sentir os olhos da velha na cadeira de balanço fixos sobre si e se virando para a garota. - Então? Cythir Xuseror é?
- O lugar é amaldiçoado. - Gathes resmunga da porta. - É o que dizem…
Em resposta, Soe retira do bolso um
papel e o desdobra sobre o balcão. Ela sabe que aquelas pessoas só estão ali por causa de sua oferta de serviço.
- Muita coisa é dita a respeito do lugar, mas na décima quinta noite de Benicola eu contratei um homem chamado Ewarg Bericwa para descobrir a verdade. Ele partiu no dia da primeira noite de Egregoro junto de uma equipe formada por dez homens e me enviou isso na nona noite.
Ela estende a carta e Medran toma a frente para alcançá-la.
- Ele encontrou sinais de que em algum momento, houve no interior da caverna de Rashaag algum tipo de culto ou adoração.
- Talvez o que dizem em Asadorn seja verdade então? - Nathur fala ao se aproximar de Medran para também olhar a carta. - Sobre uma divindade estar adormecida ali?
- Eu não sei. Depois disso não houve mais nada e já faz um mês.
- Um mês? - Iuha desvia o olhar para Gathes enquanto considera o tempo e as possibilidades.
- Mortos?
- Ou presos na caverna. Impossibilitados de se comunicar…
- Ewarg é um bom explorador. Não é inexperiente. - Soe fala se dirigindo aos dois.
- Então, o que você quer? Que a gente vá até lá e descubra o que aconteceu? - Gathes cruza os braços e respira fundo. - Você tem como pagar?
Ele dá uma nova olhada ao redor, dessa vez mais focado em estimar o possível capital de seu cliente do que se preocupando com toda aquela bruxaria.
A pergunta declarada em voz alta faz com que Elhud também se questione e observe Soe de cima a baixo.
- Dez de ouro pra cada um. Metade agora, metade quando voltarmos. - a jovem fala com segurança. - E eu vou junto.
- Equipamentos e suprimentos? - Iuha pergunta.
- Por minha conta.
- E o que acharmos? – Elhud ergue as sobrancelhas e sorri.
- Se não tiver magia, não me interessa. Vocês dividem o restante como quiserem.
Todos se calam enquanto avaliam a proposta e por breves segundos somente os fracos sons da rua e o ranger da cadeira de balanço podem ser ouvidos no interior da loja.
Foi Iuha quem tomou a iniciativa.
- Quando partimos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário