Capítulo 08: Percorrendo o Caminho

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror

 

Data indefinida...

 

                - Deixa ver se eu entendi direito nossa situação. – Elhud estava de pé, de braços cruzados e com a mochila em suas costas. – Nós continuamos presos aqui e ninguém faz a menor ideia de como sair?

                - Talvez ainda não seja dia lá fora. – Medran comenta sonolenta enquanto arruma suas coisas.

                - Ou talvez tenhamos dormido demais... – a voz de Nathur saiu baixa. Estava analisando sua invenção tentando descobrir o que havia dado de errado.

 

                Ele havia prendido dois cantis de couro um ao outro numa ampulheta de água improvisada. O problema é que ao fim do dia as contas não batiam e agora não havia como ter certeza de quanto tempo havia se passado ou do por que sua invenção não estava precisa.

 

                - O mais provável é que algum diabrete tenha retirado o artefato do altar e prendido a gente aqui. – Se não era calma, só poderia ser conformismo. De uma forma ou de outra Gathes não parecia muito preocupado com a situação.

                - Ah que ótimo! – ao contrário de Elhud. – E agora temos aqui a nossa contratante, a pessoa que nos meteu nessa situação, dizendo que não faz ideia de como, mas que sabe pra onde devemos ir.

                - Eu disse que foi num sonho. – Soe falou em tom sério, mas sua voz foi quase num resmungo.

                - Diz aí... Só eu que to achando isso muito suspeito?

 

                O grupo não respondeu.

                Estavam ocupados terminando de se alimentar, preencher os lampiões com óleo e organizar as coisas levantando o acampamento.

 

                - De qualquer forma ficar aqui não parece uma boa ideia. – Iuha estava pronta e mantinha o arco em mãos enquanto olhava para a escuridão de fora da sala como que tentando enxergar alguma coisa. – Podemos esperar a porta se abrir, mas se Gathes estiver certo isso pode nunca acontecer.

                - Temos que achar outra saída. – disse o mercenário, desembainhando sua espada e se posicionando a frente do grupo. Ele ergueu o lampião com a mão livre e olhou para Soe. – Hora de testar o quão real foi esse sonho.

 

                Para a garota, navegar pelo interior da caverna foi como uma repetição do sonho, só que com pequenas alterações.

                Mesmo acordada, a sensação de chamado permanecia. Estava mais fraca, mas ainda estava ali, guiando seus passos que seguiam seguros mesmo quando apareciam bifurcações.

Soe tinha certeza de onde deveria ir.

                Juntos, o grupo atravessou um trecho onde um musgo escuro cobria as paredes de pedra e então mais pra frente chegaram a um lago circular onde a luz do sol atravessava por uma fenda estreita no teto alto e caia sobre a água pura e cristalina.

 

Lago no interior da caverna

                - Bem, pelo menos agora a gente já sabe que é dia lá fora. – Medran falou ao ver o sol. Sentia-se especialmente tranquila naquele lugar, como se a pressão de suas preocupações tivessem sido retiradas de suas costas.

                - Será que conseguimos sair por ali? – Elhud apontou para a cavidade no teto por onde a luz entrava.

                - Parece alto demais. – Iuha analisou.

                - E parece que tem alguma coisa no lago... – Medran completou.

 

                As atenções se voltaram na direção apontada pela sacerdotisa.

                Algo se movia lentamente sob as águas.

                Era brilhante e impreciso, de forma que não se assemelhava a nada que qualquer um pudesse um dia ter visto em suas vidas.

 

                - Um peixe, talvez? – Nathur perguntou, ainda com o papel em mãos desenhando seu mapa improvisado.

                - Se for, deve ser dos grandes... Eu acho. – Iuha presumiu, mas pescar nunca foi o seu forte.

                - Chegamos onde deveríamos? – Gathes olhou para Soe que parecia ligeiramente incomodada de estar lá.

                - Não. É mais pra frente.

 

                E mais uma vez o grupo se pôs a caminhar, especulando sobre o lago e considerando a possibilidade de haver uma saída submersa enquanto o deixavam para trás.

                Chegaram então diante de uma grande placa de pedra no meio do caminho onde um único símbolo esculpido atraiu a atenção dos olhos de Nathur e Medran.

 

                - Espera aí! – a sacerdotisa exclamou de repente fazendo o grupo parar. – Eu já vi esse símbolo antes.

                - Também me parece familiar. – o bardo comentou.

                - Naquela sala onde acampamos. Em um dos pilares.

                - E o que isso quer dizer? – Elhud perguntou curiosa.

                - Eu não sei. – Medran se aproximou para analisar com mais cuidado enquanto Nathur rabiscava no papel copiando o formato do símbolo. – Uma pista de como sair daqui?

                - Ou uma armadilha, talvez? – Iuha sugeriu.

                - Talvez...

                - Vocês                querem se decidir?

                - Vamos até o fim. Quando voltarmos teremos tempo de descobrir. – Gathes apontou o caminho que continuava atrás da placa. O lugar para onde Soe olhava tão profundamente a ponto de permanecer alheia a todo o dialogo.

 

Medran (sacerdotisa)
                Poucos passos a frente e o corredor irregular se abriu numa larga cavidade.

                Um enorme buraco rochoso natural, sem qualquer outro sinal de interferência humana, presença de qualquer animal ou criatura.

                Ali havia apenas aquela estátua.

                Exatamente como no sonho de Soe.

                Erguendo-se alta, com seus dois metros ou mais.

                A imagem perfeita de um ser com asas, com detalhes tão bem feitos e precisos a ponto de dar impressão de estar viva. Como se a qualquer momento fosse de mover, ainda mais sob a luz tremula das chamas.

 

                - Pelos deuses... – Medran sussurrou baixinho.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário