Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror
Data indefinida...
- Deixa ver se eu entendi direito nossa situação. – Elhud estava de pé, de braços cruzados e com a mochila em suas costas. – Nós continuamos presos aqui e ninguém faz a menor ideia de como sair?
- Talvez ainda não seja dia lá fora. – Medran comenta sonolenta enquanto arruma suas coisas.
- Ou talvez tenhamos dormido demais... – a voz de Nathur saiu baixa. Estava analisando sua invenção tentando descobrir o que havia dado de errado.
Ele havia prendido dois cantis de couro um ao outro numa ampulheta de água improvisada. O problema é que ao fim do dia as contas não batiam e agora não havia como ter certeza de quanto tempo havia se passado ou do por que sua invenção não estava precisa.
- O mais provável é que algum diabrete tenha retirado o artefato do altar e prendido a gente aqui. – Se não era calma, só poderia ser conformismo. De uma forma ou de outra Gathes não parecia muito preocupado com a situação.
- Ah que ótimo! – ao contrário de Elhud. – E agora temos aqui a nossa contratante, a pessoa que nos meteu nessa situação, dizendo que não faz ideia de como, mas que sabe pra onde devemos ir.
- Eu disse que foi num sonho. – Soe falou em tom sério, mas sua voz foi quase num resmungo.
- Diz aí... Só eu que to achando isso muito suspeito?
O grupo não respondeu.
Estavam ocupados terminando de se alimentar, preencher os lampiões com óleo e organizar as coisas levantando o acampamento.
- De qualquer forma ficar aqui não parece uma boa ideia. – Iuha estava pronta e mantinha o arco em mãos enquanto olhava para a escuridão de fora da sala como que tentando enxergar alguma coisa. – Podemos esperar a porta se abrir, mas se Gathes estiver certo isso pode nunca acontecer.
- Temos que achar outra saída. – disse o mercenário, desembainhando sua espada e se posicionando a frente do grupo. Ele ergueu o lampião com a mão livre e olhou para Soe. – Hora de testar o quão real foi esse sonho.
Para a garota, navegar pelo interior da caverna foi como uma repetição do sonho, só que com pequenas alterações.
Mesmo acordada, a sensação de chamado permanecia. Estava mais fraca, mas ainda estava ali, guiando seus passos que seguiam seguros mesmo quando apareciam bifurcações.
Soe tinha certeza de onde deveria ir.
Juntos, o grupo atravessou um trecho onde um musgo escuro cobria as paredes de pedra e então mais pra frente chegaram a um lago circular onde a luz do sol atravessava por uma fenda estreita no teto alto e caia sobre a água pura e cristalina.
Lago no interior da caverna |
- Bem, pelo menos agora a gente já sabe que é dia lá fora. – Medran falou ao ver o sol. Sentia-se especialmente tranquila naquele lugar, como se a pressão de suas preocupações tivessem sido retiradas de suas costas.
- Será que conseguimos sair por ali? – Elhud apontou para a cavidade no teto por onde a luz entrava.
- Parece alto demais. – Iuha analisou.
- E parece que tem alguma coisa no lago... – Medran completou.
As atenções se voltaram na direção apontada pela sacerdotisa.
Algo se movia lentamente sob as águas.
Era brilhante e impreciso, de forma que não se assemelhava a nada que qualquer um pudesse um dia ter visto em suas vidas.
- Um peixe, talvez? – Nathur perguntou, ainda com o papel em mãos desenhando seu mapa improvisado.
- Se for, deve ser dos grandes... Eu acho. – Iuha presumiu, mas pescar nunca foi o seu forte.
- Chegamos onde deveríamos? – Gathes olhou para Soe que parecia ligeiramente incomodada de estar lá.
- Não. É mais pra frente.
E mais uma vez o grupo se pôs a caminhar, especulando sobre o lago e considerando a possibilidade de haver uma saída submersa enquanto o deixavam para trás.
Chegaram então diante de uma grande placa de pedra no meio do caminho onde um único símbolo esculpido atraiu a atenção dos olhos de Nathur e Medran.
- Espera aí! – a sacerdotisa exclamou de repente fazendo o grupo parar. – Eu já vi esse símbolo antes.
- Também me parece familiar. – o bardo comentou.
- Naquela sala onde acampamos. Em um dos pilares.
- E o que isso quer dizer? – Elhud perguntou curiosa.
- Eu não sei. – Medran se aproximou para analisar com mais cuidado enquanto Nathur rabiscava no papel copiando o formato do símbolo. – Uma pista de como sair daqui?
- Ou uma armadilha, talvez? – Iuha sugeriu.
- Talvez...
- Vocês querem se decidir?
- Vamos até o fim. Quando voltarmos teremos tempo de descobrir. – Gathes apontou o caminho que continuava atrás da placa. O lugar para onde Soe olhava tão profundamente a ponto de permanecer alheia a todo o dialogo.
Medran (sacerdotisa) |
Um enorme buraco rochoso natural, sem qualquer outro sinal de interferência humana, presença de qualquer animal ou criatura.
Ali havia apenas aquela estátua.
Exatamente como no sonho de Soe.
Erguendo-se alta, com seus dois metros ou mais.
A
imagem perfeita de um ser com asas, com detalhes tão bem feitos e precisos a
ponto de dar impressão de estar viva. Como se a qualquer momento fosse de mover, ainda mais sob a luz tremula das chamas.
- Pelos
deuses... – Medran sussurrou baixinho.
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