Capítulo 03: Diabretes

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror

 

Dia da décima terceira noite de Tei’samus do quarto ano de Raquin O Grande

 

               
                - Uma bifurcação. – Nathur comenta, aproveitando para rabiscar no papel mais alguns traços em seu mapa improvisado. – E agora? Direita ou esquerda?

 

                Iuha toma a frente e avalia a situação, mas não demora a constatar que suas habilidades de caça são relativamente inúteis no interior de uma caverna rochosa.

               

                - Não faço ideia... – ela diz por fim.

                - Direita? – Elhud dá de ombros. – Eu acho que ouvi ele ir por ali.

 

                O grupo se entre olha mais uma vez.

 

                - Esquerda. – Gathes toma a decisão e começa a se mover. – Se ficarmos aqui eles podem vir dos três caminhos. Se formos pela direita podem estar nos esperando.

 

                Sob a luz dos lampiões e com armas em punho, o grupo segue por alguns minutos pelo interior do corredor rochoso até se deparar com o seu fim.

 

                - Não tem saída... Mas... – Medran observa a estranha parede lisa onde a passagem termina. Ela se aproxima, erguendo seu lampião e olha mais atentamente as laterais. – Isso parece algum tipo de porta.

                - Sim... E do tipo que não abre para os lados. - Iuha concorda, se aproximando e fazendo sua própria analise.

 

                Gathes guarda sua espada e tenta mover a pedra. Primeiro apoiando as mãos em sua face plana e depois buscando fendas em sua base onde pudesse encaixar seus dedos.

                De ambas as formas o resultado é o mesmo e a passagem permanece bloqueada.

 

                - Deve ter uma forma de abrir. – Nathur comenta, olhando para cima. Pelo seus cálculos o teto está há uns quatro ou cinco metros, distante o suficiente para permanecer sombrio com a fraca luz dos lampiões. – Talvez um mecanismo?

                - Grandão, me levanta! – Elhud fala, guardando suas adagas e largando a mochila em um canto enquanto se aproxima de Gathes que vira de costas para que ela possa subir.

 

                O movimento ocorre de forma desajeitada, com Elhud perdendo parte do equilíbrio apesar de Gathes estar tão firme quanto as pedras da caverna. Ela se agarra de qualquer jeito, puxando seu rosto e depois apoiando a mão em sua cabeça até finalmente conseguir subir com ambos os pés, um em cada ombro.

 

                - Que cheiro é esse? – Gathes comenta e Iuha fareja o ar em busca de alguma pista.

                - Elhud... Você limpou suas mãos? – Nathur pergunta depois de alguns segundos do grupo em silêncio e a garota apenas dá de ombros.

                - Isso é uma caverna. Onde é que eu iria limpar minha mão?

                - Sei lá. Na parede? Em alguma pedra?

                - Que nojo, Elhud. Pelo menos tem alguma coisa aí em cima? – Medran pergunta.

                - Ahn... Não. – ela responde, voltando a se concentrar. - Nada que eu consiga perceber

                - Atrás! – Iuha grita de repente, ao mesmo tempo em que alcança uma flecha e a posiciona no arco.

 

                O grupo mal tem tempo para se virar quando uma lança cruza o interior da caverna e atinge o braço de Soe de raspão. Ela leva a mão ao ferimento e logo nota o grupo de três diabretes que riem enquanto uma segunda lança arremessada atinge a coxa de Gathes.

Ainda com Elhud sobre os ombros, o homem cerra os dentes e se esforça para não se mover.

                Iuha dispara e atinge em cheio um dos alvos. O diabrete cai para trás completamente imóvel.

                Nathur segue o exemplo, disparando com seu arco o melhor que pode.

Sua flecha atinge de raspão.

Um golpe impreciso, mas bom o suficiente para por os dois alvos para correr enquanto seus resmungos ecoam pelas paredes rochosas.

 

                - Talvez devêssemos ter ido para a direita... – Elhud comenta, já no chão e pegando suas coisas.

                - Estão todos bem? – Iuha pergunta, baixando o arco e olhando para trás pra avaliar o estrago.

                - A garota? – Gathes aponta com a cabeça para Soe enquanto arranca a lança da coxa como se fosse uma farpa. – Se ela morrer ficamos sem pagamento.

                - Eu estou bem. – Soe fala tranquilamente. – Foi só um arranhão.

                - Que criaturinhas desprezíveis. – Nathur comenta, baixando o arco e parecendo ter alguma ideia. – Preciso anotar isso.

                - Anote depois. – Gathes resmunga. – Diabretes são covardes quando sozinhos. Mas não seria nada bom encarar um bando com uma parede em nossas costas.

                - “Covardes sozinhos... Parede nas costas”. – Nathur anota enquanto caminham.


Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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