- Hey! Senhor! Onde você esta indo?

Yue atravessa o umbral da porta que o separa da parte externa na prisão sendo seguido pela garota em sua armadura.

“Barulhenta... Descuidada...” – Yue pensa enquanto observa os arredores avaliando a situação.

As construções estão integras, mas o lugar tem elfos espalhados pelo chão.

Estão inconscientes, presos em algum tipo de torpor.

A maneira como estão dispostos sugere algum fenômeno...

“Magia, talvez? Uma explosão... Uma onda de choque...”.

- Olá... – a voz vem de uma elfa. A única acordada em meio ao caos.

Orelhas pontudas, cabelos azuis, pele azul, alta e coberta por trajes bem trabalhados.

“...E os únicos pontos expostos são o rosto e parte das axilas.”

- Meu nome é Linda. E vocês, quem são?

- Eu sou... – a garota com o martelo começa a responder, mas Yue simplesmente ignora, continuando a buscar até finalmente encontrar o que queria.

Ele se afasta e pega do chão uma longa lança.

Mede seu peso e equilíbrio.

Elfos costumam fazer boas armas. Resistentes. Mas essa mania de tentar deixar tudo mais bonito...

“Isso vai servir.” – concluiu e então se pôs a caminhar novamente.

- Hey! Misterioso senhor! Espera! – ouviu a garota e lá estava ela o seguindo novamente, deixando para trás a elfa suspeita e a cidade adormecida.

O sol está a caminho do horizonte quando eles se misturam as árvores que formam o bosque. Seguem em silêncio pelo trajeto enquanto Yue busca em suas memórias fragmentadas a direção.

Por mais que ele saiba exatamente aonde quer chegar, tudo está borrado, misturado e a escuridão que vem junto com o cair da noite não ajuda em nada.

Dormir e esperar amanhecer provavelmente seria a melhor opção. Isso se aquela garota não estivesse por perto.

Elimina-la ainda era algo que considerava fortemente, mas não fazia sentido desperdiçar energia perante o que estava por vir. Além disso, Yue ainda não havia se recuperado completamente.

Ela tocou seu ombro e num reflexo rápido Yue se virou, agarrando o braço da garota que imediatamente resistiu.

Normalmente, qualquer um que se aproximasse dele daquele jeito não sairia sem ter pelo menos um ombro luxado ou alguns ossos quebrados, mas por algum motivo Yue não conseguiu usar seu aprimoramento.

- Se você me tocar ou sequer se aproximar demais, eu vou te matar. Está entendendo? – ele sussurrou e essa foi a primeira vez que a garota ouviu sua voz.

- Sim, senhor.

Ele a largou e os dois se afastaram.

- O que você quer afinal?

- Eu... – a garota tomou fôlego, provavelmente esperando desde o primeiro momento para explicar tudo. – Meu nome é Ariadne e eu fui mandada para Beturium para encontrar você. Nós temos a missão de salvar o mundo!

“Salvar o mundo...”. – Yue repetiu mentalmente, arrependido de ter perguntado. Pelo menos uma coisa havia se tornado óbvia, mais uma vez alguém estava metendo ele em seus planos...

- E o que você quer fazer?

- Eu? – Yue apenas a observava. – É claro que eu quero salvar o mundo. Você não acha que vale a pena?

- Não. – respondeu, voltando-se novamente para o bosque ao redor.

- Que triste...

“O mundo que salve a si mesmo...”.