Capítulo 4 - Feridas em Silêncio


 

Dois garotos mais velhos entram no quarto e Yue parte para o ataque.

Talvez teria conseguido provocar algum dano se o capitão Atan não tivesse previsto seu movimento e o acertado com um soco no meio do rosto.


- O que estão esperando? – o homem falou aos rapazes. – Levem-no.

 

Aquela seria sua terceira punição em menos de uma semana.

Da primeira vez foram dez chibatadas amarrado ao tronco. Algo um tanto brutal para uma criança que não devia ter mais do que oito anos, mas ainda assim a punição padrão.

Algo que tinha por objetivo ensinar a todos com bom juízo que nenhuma insubordinação seria tolerada.

Mas então veio a segunda infração e por consequência mais dezesseis chibatadas...

E agora... Provavelmente vinte, quem sabe.

Bem... Não era como se Yue se importasse a ponto de contar. Mas as marcas estavam ali, nas costas da criança selvagem que vinha tentando chutar e morder os rapazes que o arrastavam para o tronco.

 

Seu rosto estava inchado e seu nariz sangrava.

Estava completamente nu como das outras duas vezes.

Afinal, esse era seu crime.

Desde que havia chegado, Yue se recusava a vestir o uniforme da academia militar e chegou até mesmo a rasgar a roupa, agravando sua pena sob a acusação de destruição de propriedade do império.

 

Algumas das feridas em suas costas ainda escorriam sangue quando suas mãos foram amarradas ao tronco e puxadas para cima fazendo com que ficasse quase na ponta dos pés.

 

- Yue Jaded! – o capitão Atan começou a falar. – Pela terceira vez você é acusado de insubordinação e pela segunda vez de destruição de propriedade do império. Sua punição pela recorrência é de trinta chibatadas e encarceramento em solitária por uma semana. Você tem algo a dizer em sua defesa?


Quem estava ao redor se perguntava se o garoto sobreviveria aquilo e os mais velhos chegavam a apostar.

Mas assim como nas outras ocasiões, Yue apenas permaneceu em silêncio.

Então Atan fez sinal e um dos rapazes agarrou a chibata e se preparou.

 

Os estalos ecoam pelo pátio da academia a cada contagem do capitão, mas nenhum grito é ouvido. 

Nem mesmo um gemido sequer...

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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