“Passos na água”.
“Nessa direção...”
Yue acorda e sente o corpo doer enquanto se põe sentado na cama.
Seus pés afundam na água fria que cobre o chão e ele olha ao redor sem mover a cabeça.
Grades. Correntes. Paredes grossas. Um elfo caído no corredor.
Uma prisão.
"Isso explica o sonho..."
Nada de novo, exceto pelo fato que ainda está ferido.
Pelo visto não teve tempo suficiente para se curar por completo desde que perdeu a consciência pela ultima vez. Sair dali não será tão simples.
Ele cruza os dedos a frente da boca e espera, tentando lembrar como foi parar ali.
“Estava lutando. Mas antes disso eu...?”
O som dos passos se torna mais alto e uma figura aparece no corredor, além das grades que o cercam.
Ela tem pouco mais de um metro e sessenta, armadura pesada, um grande martelo de guerra...
“Uma criança?”
- Olá, senhor! – ela fala. A voz claramente feminina e meio. – Acredito que seja você que eu estava procurando!
Silêncio.
- O senhor gostaria que eu te tirasse daí?
A ideia parece tão boa quanto qualquer outra, mas não o suficiente a ponto de valer uma resposta.
Afinal, quem é essa garota?
Yue avalia sua condição e suas possibilidades.
Armaduras pesadas tendem a diminuir a velocidade de movimento e são para pessoas que tem medo de serem atingidas, o que faz parecer que ela talvez não se vire tão bem sem aquele martelo... Uma arma muito grande para um espaço apertado.
O chão inundado provavelmente não facilitará a mobilidade dela e como a principal parte exposta de seu corpo é a cabeça...
“Um empurrão para aproxima-la da parede e depois um soco aprimorado para maximizar o dano esmagando o crânio contra as pedras...” – Yue decide.
- Eu vou tirar você daí. – ela fala, vendo que não obteria resposta e então desfere um soco contra o cadeado.
...Um soco.
Um simples soco...
Sem qualquer sinal de magia.
Yue estreita seus olhos, como se quisesse ter certeza do que acabou de ver.
Então a garota pega seu martelo e desfere um golpe.
O cadeado parece rachar, mas fora isso, nada mais acontece.
- Eeerr... O senhor pode me ajudar?
Os lábios de Yue se contraem em um sorriso de desprezo e sem desviar o olhar ou retirar as mãos de frente de sua boca, apenas aponta para o elfo largado no chão do lado de fora de sua cela.
- Ah! Ótima ideia, senhor!
A criança se volta para o elfo, então se abaixa e o revista até encontrar um molho de chaves.
- Aqui! – fala de forma empolgada, voltando a se levantar e tentando abrir o cadeado sem sucesso. – Eu não estou conseguindo... Será que...
Yue suspira profundamente, baixando a cabeça, apoiando a testa em suas mãos e fechando os olhos por um momento.
- O senhor está bem? Está com dor de cabeça? Eu posso mostrar o cadeado pra você e...
Ele não responde, mas se põe de pé. Talvez um pouco mais motivado a mata-la agora.
- Eu vou jogar as chaves.
Mas Yue não se move para agarrar.
Ao invés disso deixa as chaves caírem na água aos seus pés e só então as recolhe.
Sair não é mais do que uma tarefa de exclusão, testando cada uma das possibilidades até o cadeado finalmente se abrir.
Algo tedioso para alguém que normalmente arrebentaria tudo com um chute ou arrancaria o cadeado com as próprias mãos.
- Agora
nós podemos salvar o mundo! – a garota fala assim que Yue sai da cela, mas é completamente ignorada.
Yue já está caminhando, se afastando da garota em direção a saída.
Ele acaba de lembrar algo importante.
Ele
lembra como é que foi parar ali.
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