Capítulo 18: De volta ao lago

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror

 

Data indefinida…

 

            - Medran... – a voz baixa fez a sacerdotisa olhar para seus companheiros em busca de quem a havia chamado, mas nenhum deles lhe dirigia a atenção naquele momento.

- Mais deles estão vindo. – Iuha falou enquanto puxava a flecha do corpo morto de um dos diabretes que haviam acabado de eliminar. – Não sei dizer quantos, mas consigo ouvi-los.

- Forçar a saída? – Gathes perguntou, pensando alto.

- Não deu muito certo para o Bericwa e para o grupo dele... – Nathan respondeu.

- Medran... Venha até mim. – mais uma vez ela ouviu seu nome, finalmente entendendo do que se tratava.

- Talvez devêssemos voltar para o lago. – ela sugeriu, ainda carregando a espada de lamina negra, apesar de não se sentir confortável com isso.

- Voltar para o lago? – Elhud perguntou desconfiada.

- Alguma coisa está me chamando.

- Ah, não! Não começa com isso você também! – a ladra replicou irritada.

- Não é nada de ruim, eu tenho certeza.

 

Parados ali, com dois diabretes mortos aos seus pés e outros se aproximando, o grupo se entre olhou em silêncio.

 

- Vamos ter que passar pelos zumbis. – Gathes comentou. O mercenário parecia não se importar com o risco e como o grupo não expressou objeção ou ideia melhor, ele apenas bufou e tomou a frente.

 

Logo o som dos diabretes se tornou alto o suficiente para que até os demais membros do grupo conseguissem ouvir.

            Sem qualquer explicação óbvia ou racional, a própria caverna parecia estar mais escura e sinistra fazendo com que a tensão aumentasse.

            Os círculos de luz formados pelos lampiões determinavam um limite claro de até onde a segurança deles se estendia. Uma flecha, lança ou grupo de diabretes poderia emergir das sombras a qualquer momento.

 

            - Você consegue ouvir alguma coisa? – Elhud perguntou para Iuha assim que se os primeiros vestígios do estranho fungo escuro foram avistados.

            - Nada, mesmo os diabretes parecem mais silenciosos agora.

            - Isso não parece bom sinal... – Nathur falou baixo, olhando ao redor com o arco em punho. – Onde estão os zumbis?

 

            O grupo atravessou o trecho repleto de musgos com o dobro de atenção e cuidado, esperando que a qualquer momento zumbis e diabretes fossem aparecer, emergindo das paredes ou de qualquer outro lugar.

            Mas acabaram chegando as margens do lago sem maiores problemas.

 

            - Só eu to achando isso tudo muito estranho. – Nathur perguntou ao grupo enquanto olhava desconfiado ao redor.

            - To achando tudo estranho e não é de agora... – Elhud respondeu, parando um pouco mais próxima da borda e voltando a olhar para o que quer que fosse aquilo que continuava a brilhar sob as águas. – Chegamos aqui. Agora a gente faz o que?

 

            Do alto da caverna descia o largo feixe de luz descia que tocava a superfície da água. Seu brilho era refletido ao redor, tornando o lugar mais claro e pelo menos um pouco menos desconfortável que os demais corredores por onde vieram.

 

            - Eu não consigo entender direito, mas acho que você deve entrar na água. – Medran falou voltando sua atenção para Soe.

            - Eu não vou entrar ai.

 

            Soe sabia que estava sendo vigiada por Iuha. Durante o caminho chegou a se perguntar se a caçadora realmente cumpriria a ameaça de atirar, mas preferiu não testar.

Se fosse atingida mesmo que de raspão por uma flecha envenenada teria uma morte lenta e desagradável naquele lugar.

            Mas agora, nas margens daquele lago, não conseguia decidir entre o que seria pior.

            O lugar por si só lhe provocava uma sensação desagradável e não fazia ideia do que aconteceria se entrasse na água.

            Provavelmente nada de bom, pelo menos era o que sentia quase que intuitivamente.

 

            - Como assim não vai entrar...? – a ladra se adiantou, mas algo a distraiu antes que terminasse o que pretendia dizer. – ATRÁS!

 

            Silenciosamente zumbis começaram a emergir da escuridão para luz dos lampiões, próximos o suficiente para por o grupo em risco.

            Gathes e Iuha imediatamente se voltaram na direção do perigo e começaram a atacar ao mesmo tempo em que Soe aproveitava a oportunidade para tentar escapar.

 

            - Não! – Medran gritou ao mesmo tempo em que a agarrava e por um momento as duas disputaram forças resultando nas duas caindo juntas para dentro do lago.

            - As duas... – Nathur começou a falar, mas foi interrompido por Gathes que trouxe a atenção do bardo e da ladra de volta para o que era prioridade.

            - Atenção nos inimigos!

            - Tem mais vindo! – Iuha gritou, alcançando outra flecha em sua aljava e posicionando no arco. – Diabretes!

 

            Enquanto isso, submersas, Soe se debate e se mexe até conseguir se livrar da sacerdotisa que ainda segurava em uma das mãos a espada de lamina negra.

            Ela emerge e se aproveitando da confusão, começa a nadar para a borda. Apenas alguns metros mais longe de onde o grupo estava.

 

            - Soe! – Medran grita assim que atinge a margem, chamando a atenção do grupo e também da garota que é capturada por dois diabretes enquanto recuperava o folego. Ele a arrastam dali, puxando-a para a escuridão. – Ela esta sendo levada!

            - Eles vão acordar o demônio! – Elhud grita em resposta. – Nós temos que mata-la! Me dá a espada!

            - Não!

            - Não tem outro jeito!

 

            Sem pensar duas vezes, Medran parte em disparada na direção para onde Soe foi levada e é seguida pela ladra que parece ainda mais nervosa que de costume.

 

            - Elhud! – Nathur grita.

            - Vai. Eu dou conta aqui. – Gathes fala para Iuha, pegando a montante e imediatamente a colocando em uso. – Pelo menos tenho espaço pra usar isso.

 

            A caçadora dispara uma ultima flecha certeira e sem dar qualquer resposta, apenas se afasta correndo.

 

            - Será que foi assim que os diabretes separaram o grupo do Bericwa. – Nathur perguntou enquanto alcançava outra flecha e disparava. Estava mais preocupado do que se permitia demonstrar no momento.

            - O azar do Bericwa foi um só.

            - Ah é? E pode me dizer qual?

            - Não ter me contratado. – resmungou ao mesmo tempo em que a cabeça decepada de um dos zumbis caia diante de seus pés.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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