Continente
de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror
Data indefinida…
- Medran... – a voz baixa fez a sacerdotisa olhar para seus companheiros em busca de quem a havia chamado, mas nenhum deles lhe dirigia a atenção naquele momento.
- Mais deles estão vindo. – Iuha falou enquanto puxava a flecha do corpo morto de um dos diabretes que haviam acabado de eliminar. – Não sei dizer quantos, mas consigo ouvi-los.
- Forçar a saída? – Gathes perguntou, pensando alto.
- Não deu muito certo para o Bericwa e para o grupo dele... – Nathan respondeu.
- Medran... Venha até mim. – mais uma vez ela ouviu seu nome, finalmente entendendo do que se tratava.
- Talvez devêssemos voltar para o lago. – ela sugeriu, ainda carregando a espada de lamina negra, apesar de não se sentir confortável com isso.
- Voltar para o lago? – Elhud perguntou desconfiada.
- Alguma coisa está me chamando.
- Ah, não! Não começa com isso você também! – a ladra replicou irritada.
- Não é nada de ruim, eu tenho certeza.
Parados ali, com dois diabretes mortos aos seus pés e outros se aproximando, o grupo se entre olhou em silêncio.
- Vamos ter que passar pelos zumbis. – Gathes comentou. O mercenário parecia não se importar com o risco e como o grupo não expressou objeção ou ideia melhor, ele apenas bufou e tomou a frente.
Logo o som dos diabretes se tornou alto o suficiente para que até os demais membros do grupo conseguissem ouvir.
Sem qualquer explicação óbvia ou racional, a própria caverna parecia estar mais escura e sinistra fazendo com que a tensão aumentasse.
Os círculos de luz formados pelos lampiões determinavam um limite claro de até onde a segurança deles se estendia. Uma flecha, lança ou grupo de diabretes poderia emergir das sombras a qualquer momento.
- Você consegue ouvir alguma coisa? – Elhud perguntou para Iuha assim que se os primeiros vestígios do estranho fungo escuro foram avistados.
- Nada, mesmo os diabretes parecem mais silenciosos agora.
- Isso não parece bom sinal... – Nathur falou baixo, olhando ao redor com o arco em punho. – Onde estão os zumbis?
O grupo atravessou o trecho repleto de musgos com o dobro de atenção e cuidado, esperando que a qualquer momento zumbis e diabretes fossem aparecer, emergindo das paredes ou de qualquer outro lugar.
Mas acabaram chegando as margens do lago sem maiores problemas.
- Só eu to achando isso tudo muito estranho. – Nathur perguntou ao grupo enquanto olhava desconfiado ao redor.
- To achando tudo estranho e não é de agora... – Elhud respondeu, parando um pouco mais próxima da borda e voltando a olhar para o que quer que fosse aquilo que continuava a brilhar sob as águas. – Chegamos aqui. Agora a gente faz o que?
Do alto da caverna descia o largo feixe de luz descia que tocava a superfície da água. Seu brilho era refletido ao redor, tornando o lugar mais claro e pelo menos um pouco menos desconfortável que os demais corredores por onde vieram.
- Eu não consigo entender direito, mas acho que você deve entrar na água. – Medran falou voltando sua atenção para Soe.
- Eu não vou entrar ai.
Soe sabia que estava sendo vigiada por Iuha. Durante o caminho chegou a se perguntar se a caçadora realmente cumpriria a ameaça de atirar, mas preferiu não testar.
Se fosse atingida mesmo que de raspão por uma flecha envenenada teria uma morte lenta e desagradável naquele lugar.
Mas agora, nas margens daquele lago, não conseguia decidir entre o que seria pior.
O lugar por si só lhe provocava uma sensação desagradável e não fazia ideia do que aconteceria se entrasse na água.
Provavelmente nada de bom, pelo menos era o que sentia quase que intuitivamente.
- Como assim não vai entrar...? – a ladra se adiantou, mas algo a distraiu antes que terminasse o que pretendia dizer. – ATRÁS!
Silenciosamente zumbis começaram a emergir da escuridão para luz dos lampiões, próximos o suficiente para por o grupo em risco.
Gathes e Iuha imediatamente se voltaram na direção do perigo e começaram a atacar ao mesmo tempo em que Soe aproveitava a oportunidade para tentar escapar.
- Não! – Medran gritou ao mesmo tempo em que a agarrava e por um momento as duas disputaram forças resultando nas duas caindo juntas para dentro do lago.
- As duas... – Nathur começou a falar, mas foi interrompido por Gathes que trouxe a atenção do bardo e da ladra de volta para o que era prioridade.
- Atenção nos inimigos!
- Tem mais vindo! – Iuha gritou, alcançando outra flecha em sua aljava e posicionando no arco. – Diabretes!
Enquanto isso, submersas, Soe se debate e se mexe até conseguir se livrar da sacerdotisa que ainda segurava em uma das mãos a espada de lamina negra.
Ela emerge e se aproveitando da confusão, começa a nadar para a borda. Apenas alguns metros mais longe de onde o grupo estava.
- Soe! – Medran grita assim que atinge a margem, chamando a atenção do grupo e também da garota que é capturada por dois diabretes enquanto recuperava o folego. Ele a arrastam dali, puxando-a para a escuridão. – Ela esta sendo levada!
- Eles vão acordar o demônio! – Elhud grita em resposta. – Nós temos que mata-la! Me dá a espada!
- Não!
- Não tem outro jeito!
Sem pensar duas vezes, Medran parte em disparada na direção para onde Soe foi levada e é seguida pela ladra que parece ainda mais nervosa que de costume.
- Elhud! – Nathur grita.
- Vai. Eu dou conta aqui. – Gathes fala para Iuha, pegando a montante e imediatamente a colocando em uso. – Pelo menos tenho espaço pra usar isso.
A caçadora dispara uma ultima flecha certeira e sem dar qualquer resposta, apenas se afasta correndo.
- Será que foi assim que os diabretes separaram o grupo do Bericwa. – Nathur perguntou enquanto alcançava outra flecha e disparava. Estava mais preocupado do que se permitia demonstrar no momento.
- O azar do Bericwa foi um só.
- Ah é? E pode me dizer qual?
- Não ter me contratado. – resmungou ao mesmo tempo em que a cabeça decepada de um dos zumbis caia diante de seus pés.
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