Capítulo 17: Chamado Divino

Continente de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror

 

Data indefinida…

 

                - Mais? Você quer esperar mais?! – Elhud estava de pé perto do pesado bloco de pedra que servia como porta. – Esperar até quando?

 

               Depois de tudo o que havia acontecido, o grupo decidiu fazer uma pausa e se recuperar.

   Revezaram a guarda e dormiram por turnos usando a ampulheta de água improvisada que Nathur inventara para calcular o tempo, mas ninguém sentiu confiança o suficiente em Soe para deixa-la fazer um período vigiando sozinha.

                Agora era ela quem dormia profundamente enquanto todos os outros debatiam o que fazer a seguir.

 

                - Eu não sei, mas talvez seja nossa melhor opção. – Nathur insistiu. Segurava o diário do explorador aberto na ultima página. – Se os diabretes controlam as passagens, talvez...

                - Talvez?! – a ladra abriu bem os olhos, incrédula.

                - Mesmo que eles voltem a abrir essa porta, não sabemos quanto tempo isso vai levar. – Gathes replicou, sentado em uma pedra com a espada apoiada sobre as coxas. – Também não fazemos ideia de quantos podem estar esperando por nós do outro lado.

                - Mesmo assim, se a outra opção for descer por esse poço... – Medran não se deu o trabalho de completar a frase. Estava sentada no chão com a espada de lamina negra ao seu lado.

                - Também não gosto da ideia, mas Gathes tem razão. – Iuha decidiu falar. – Não sabemos quanto tempo se passou desde que entramos nessa caverna. As coisas vão se complicar se tivermos perdido o prazo do barqueiro.

 

                Soe se moveu onde estava deitada e chamou a atenção do grupo.

 

                - Eu tive um sonho... – a garota falou enquanto se colocava sentada.

                - Chega de sonhos! – Elhud replicou e fechou a cara.

                - Deixe ela falar. Talvez nos ajude a sair daqui – o bardo guardou o diário de Bericwa e pegou seu próprio caderno, pena e um pouco de tinta para tomar nota. – O que você sonhou?

                - Sonhei com um ser divino que me pedia para acorda-lo.

                - Ser divino? Como ele era? - Medran se curvou para frente prestando mais atenção.

                - Eu não sei. Não conseguia enxerga-lo...

                - Que conveniente, não é mesmo? – Elhud falou com sarcasmo.

                - Eu segui sua presença até aquele lago e ele me disse que eu devo ir embora se preferir, mas que não devo ficar na caverna. – Soe fez uma pausa enquanto se esforçava para recordava as palavras com exatidão. – “Em seu peito batem dois corações e só há uma forma de remover um deles”.

                - O que isso quer dizer? – Nathur perguntou depois de anotar a frase.

                - Eu não sei.

                - Quer dizer que temos que ir embora. - a ladra resmungou, cruzando os braços e apoiando as costas contra a porta de pedra. – Não está claro pra vocês? Não tem divindade coisa nenhuma. É um demônio. Sempre foi! E ela tem alguma coisa a ver com isso.

                - Medran? – Iuha perguntou olhando em sua direção de forma significativa. – O que você acha?

                - Depois daquela criatura se transformar nessa espada alguma coisa está diferente. – a sacerdotisa respondeu enquanto se levantava. – Como se o ar estivesse mais leve.

                - O que isso quer dizer?

 

                Antes que Medran pudesse responder, um estalo e um rangido foram ouvidos dentro da sala. Logo em seguida, bem devagar, a porta começou a se arrastar para cima.

                Mais do que depressa todos se prepararam, largando os lampiões no chão exatamente onde estavam, sacando suas armas e se escondendo atrás das pedras.

                Assim que a porta terminou de abrir, uma pequena criatura apareceu sob a fraca luz. Primeiro ela olhou desconfiada para o interior da sala e depois, resmungando baixinho, caminhou sorrateira em direção a uma das mochilas deixadas ali, parando a cada pequeno número de passos e olhando ao redor como que para se certificar de que estava sozinha.

                Foi somente quanto pegou a mochila nas mãos e a abriu que Iuha disparou.

                A flecha cruzou o ar em um zunido, atingindo o diabrete com precisão bem entre os olhos. Ele desmontou mole sobre o próprio peso e soltou o objeto que vinha carregando.

                De imediato os seis saíram de seus esconderijos, correndo ainda atentos para pegar suas coisas e se posicionar. Gathes foi o primeiro a atravessar a porta na expectativa de conseguir identificar mais algum inimigo.

 

                - Saiam logo e se mantenham atentos. Pode haver outros.

 

                - Lindo tiro. – Nathur comentou ao se aproximar de sua mochila. – E olha só, o que temos aqui?

 

                Ele recolheu do chão o objeto que o diabrete carregava. Era a haste de lamina e cristal que eles haviam usado no altar para conseguir atravessar a primeira passagem.

 

                - Hey! Você vai na frente. – Iuha falou para Soe em tom ameaçador e mantendo uma flecha no arco em prontidão. – Sem gracinhas.

                - Tá certo, estamos aqui... E agora? – Nathur perguntou assim que todos saíram.

                - Nossa missão era descobrir o que havia acontecido com o explorador. – Gathes falou sério. – Agora voltamos pra casa, recebemos nossa recompensa e acabou.

                - Talvez não seja tão simples assim. – Iuha falou.

 

                E uma lança vinda da escuridão do corredor a diante atingiu o chão de pedra poucos metros a frente do grupo.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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