Continente
de Eversephsa
Reino de Theotgrad
Região de Dissyith Baktah no feudo de Dakmar
Interior da caverna Rashaag na ilha de Cythir Xuseror
Data indefinida…
- Mais? Você quer esperar mais?! – Elhud estava de pé perto do pesado bloco de pedra que servia como porta. – Esperar até quando?
Depois de tudo o que havia acontecido, o grupo decidiu fazer uma pausa e se recuperar.
Revezaram a guarda e dormiram por turnos usando a ampulheta de água improvisada que Nathur inventara para calcular o tempo, mas ninguém sentiu confiança o suficiente em Soe para deixa-la fazer um período vigiando sozinha.
Agora era ela quem dormia profundamente enquanto todos os outros debatiam o que fazer a seguir.
- Eu não sei, mas talvez seja nossa melhor opção. – Nathur insistiu. Segurava o diário do explorador aberto na ultima página. – Se os diabretes controlam as passagens, talvez...
- Talvez?! – a ladra abriu bem os olhos, incrédula.
- Mesmo que eles voltem a abrir essa porta, não sabemos quanto tempo isso vai levar. – Gathes replicou, sentado em uma pedra com a espada apoiada sobre as coxas. – Também não fazemos ideia de quantos podem estar esperando por nós do outro lado.
- Mesmo assim, se a outra opção for descer por esse poço... – Medran não se deu o trabalho de completar a frase. Estava sentada no chão com a espada de lamina negra ao seu lado.
- Também não gosto da ideia, mas Gathes tem razão. – Iuha decidiu falar. – Não sabemos quanto tempo se passou desde que entramos nessa caverna. As coisas vão se complicar se tivermos perdido o prazo do barqueiro.
Soe se moveu onde estava deitada e chamou a atenção do grupo.
- Eu tive um sonho... – a garota falou enquanto se colocava sentada.
- Chega de sonhos! – Elhud replicou e fechou a cara.
- Deixe ela falar. Talvez nos ajude a sair daqui – o bardo guardou o diário de Bericwa e pegou seu próprio caderno, pena e um pouco de tinta para tomar nota. – O que você sonhou?
- Sonhei com um ser divino que me pedia para acorda-lo.
- Ser divino? Como ele era? - Medran se curvou para frente prestando mais atenção.
- Eu não sei. Não conseguia enxerga-lo...
- Que conveniente, não é mesmo? – Elhud falou com sarcasmo.
- Eu segui sua presença até aquele lago e ele me disse que eu devo ir embora se preferir, mas que não devo ficar na caverna. – Soe fez uma pausa enquanto se esforçava para recordava as palavras com exatidão. – “Em seu peito batem dois corações e só há uma forma de remover um deles”.
- O que isso quer dizer? – Nathur perguntou depois de anotar a frase.
- Eu não sei.
- Quer dizer que temos que ir embora. - a ladra resmungou, cruzando os braços e apoiando as costas contra a porta de pedra. – Não está claro pra vocês? Não tem divindade coisa nenhuma. É um demônio. Sempre foi! E ela tem alguma coisa a ver com isso.
- Medran? – Iuha perguntou olhando em sua direção de forma significativa. – O que você acha?
- Depois daquela criatura se transformar nessa espada alguma coisa está diferente. – a sacerdotisa respondeu enquanto se levantava. – Como se o ar estivesse mais leve.
- O que isso quer dizer?
Antes que Medran pudesse responder, um estalo e um rangido foram
ouvidos dentro da sala. Logo em seguida, bem devagar, a porta começou a se arrastar para cima.
Mais do que depressa todos se prepararam, largando os lampiões no chão exatamente onde estavam, sacando suas armas e se escondendo atrás das pedras.
Assim que a porta terminou de abrir, uma pequena criatura apareceu sob a fraca luz. Primeiro ela olhou desconfiada para o interior da sala e depois, resmungando baixinho, caminhou sorrateira em direção a uma das mochilas deixadas ali, parando a cada pequeno número de passos e olhando ao redor como que para se certificar de que estava sozinha.
Foi somente quanto pegou a mochila nas mãos e a abriu que Iuha disparou.
A flecha cruzou o ar em um zunido, atingindo o diabrete com precisão bem entre os olhos. Ele desmontou mole sobre o próprio peso e soltou o objeto que vinha carregando.
De imediato os seis saíram de seus esconderijos, correndo ainda atentos para pegar suas coisas e se posicionar. Gathes foi o primeiro a atravessar a porta na expectativa de conseguir identificar mais algum inimigo.
- Saiam logo e se mantenham atentos. Pode haver outros.
- Lindo tiro. – Nathur comentou ao se aproximar de sua mochila. – E olha só, o que temos aqui?
Ele recolheu do chão o objeto que o diabrete carregava. Era a haste de lamina e cristal que eles haviam usado no altar para conseguir atravessar a primeira passagem.
- Hey! Você vai na frente. – Iuha falou para Soe em tom ameaçador e mantendo uma flecha no arco em prontidão. – Sem gracinhas.
- Tá certo, estamos aqui... E agora? – Nathur perguntou assim que todos saíram.
- Nossa missão era descobrir o que havia acontecido com o explorador. – Gathes falou sério. – Agora voltamos pra casa, recebemos nossa recompensa e acabou.
- Talvez não seja tão simples assim. – Iuha falou.
E uma lança vinda da escuridão do corredor a diante atingiu o chão de pedra poucos metros a frente do grupo.
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