rastro de sangue por entre as folhas e por cima da grama.
Fazia isso enquanto encarava o necromante pelas costas.
esquerdo do peito o brasão da academia militar do império de Drealmi.
encharcado que a água escorria por suas costas. Segurava em sua mão direita uma espada cheia de fissuras e na esquerda um pedaço da roupa do ultimo adversário que havia acabado de eliminar.
lutava.
corpos e sangue.
“A vida toda.” – concluiu.
Eliminou mais um adversário que caiu rolando pela pilha de corpos e aproveitou o breve intervalo para arrancar um pedaço do tecido de sua camisa e amarrar a espada em sua própria mão.
Isso evitaria perdê-la quando seus músculos fraquejassem.
Não...
Não haveria rendição. Não de sua parte.
E assim a cabeça de um dos adversários voou. Outro despencou com um buraco no peito.
Yue foi atingido na perna e caiu de joelhos.
Seu corpo pesava com o cansaço. Os músculos doíam pelo esforço. As feridas
sangravam e ardiam com sangue, chuva e suor se misturando... E por um momento seus olhos se fecharam.
Um breve segundo, mas que pareceu durar uma eternidade.
Um momento dilatado no tempo onde a espada do inimigo ergueu-se sobre sua cabeça trazendo consigo o fim...
O clarão do relâmpago então cortou o céu e o trovão ecoou pelo campo de batalha.
Yue sentiu seu coração saltando no peito enquanto a arma descia em sua direção. A
contração dos músculos de sua face sustentando um sorriso.
Era cedo demais para acabar...
E no infinito desse mísero segundo Yue ergueu sua espada, defendendo o golpe do
adversário e mais uma vez se pondo de pé.
Estava decidido a matar o mundo todo se fosse preciso e por isso rosnou e atravessou a espada no pescoço do inimigo.
Seu ultimo ato antes de sucumbir sob uma chuva de flechas.
Morto... De novo...
...E então, mais uma vez seus olhos se abriram e tudo recomeçou.
Por semanas Yue lutou, matou e morreu.
Meses talvez...
Repetindo e repetindo, uma vez após a outra.
Matando, morrendo e recomeçando.
...Até finalmente começar a se lembrar do por que estava ali.
Assim como no próprio exército, a academia militar mantinha certa hierarquia.
Havia patentes e os alunos podiam ser promovidos de acordo com seus feitos, assumindo responsabilidades sobre grupos e tendo o direito de dar ordens que deveriam ser
obedecidas como em qualquer regimento militar.
Na ausência de alguém com uma patente superior, ou seja, quando todos estavam no
mesmo rank, a hierarquia pertencia ao aluno mais velho.
Não era algo difícil de entender. Mas era algo que Yue não se daria sequer ao trabalho de aceitar.
Ser punido por insubordinação era quase parte de seu cotidiano, mas dessa vez ele havia ultrapassado um limite.
Yue havia ferido gravemente cinco alunos da classe de Noma’rey.
Dos cinco, um deles jamais voltaria a andar e outro provavelmente nunca mais
conseguiria sequer segurar um talher, quanto mais uma espada.
Estes alunos não eram nada menos que o primeiro e segundo tenente do agrupamento de Noma'rey. Alunos quase formados, pouco mais velhos que Yue e que se acharam no direito de tentar puni-lo quando ele ignorou as ordens que lhe foram dadas.
E claro que Noma’rey não gostou nada disso.
O major era um homem magro e alto. Era visto sempre com as vestes militares impecáveis e sua principal técnica magica envolvia controle e submissão mental.
Diziam que era filho de um conde e que havia estudado em Ilroth, a escola de magia no centro do continente.
Entre os poderes de Noma'rey era estava a capacidaded de prender pessoas em suas próprias mentes e faze-las vivenciar qualquer tipo de situação que desejasse induzir.
Diziam que o homem conseguia ler os pensamentos dos alunos e assim descobria seus maiores medos.
Ninguém naquele lugar respeitava mais as regras do que Noma’rey e raramente se via
em posição de aplicar algum tipo de punição a qualquer aluno.
De fato, se os eles pudessem escolher, provavelmente prefeririam a solitária ou até mesmo a chibata.
Qualquer coisa seria melhor que um castigo daquele homem.
Havia histórias a seu respeito.
Como certa vez onde um a aluno passou três semanas sem emitir qualquer palavra depois de receber um castigo de Noma'rey.
Diziam que ele nunca mais voltou a ser o mesmo e que, ainda assim para os expectadores, a coisa toda não durou mais do que dois minutos e trinta segundos.
“Ninguém nunca mais é o mesmo depois dos castigos de Noma’rey.” – Yue ouviu antes de se encontrar pessoalmente com o homem.
- Não entendo o interesse que meus colegas têm por você. – o major falou em tom tranquilo, medindo Yue como se avaliasse uma pilha de lixo. – Durante todo esse tempo eu vi você cagar em cima das regras e da hierarquia dessa instituição.
Os dois estavam sobre um pequeno monte gramado que ficava próximo aos campos
de treino.
- Em todos esses anos você não fez aliados e muito menos amigos. Sempre sozinho... Um pária que se recusa a obedecer ou sequer progredir. Não recebeu nenhuma promoção. Nenhum título ou honra. Apenas um acumulo de punições atrás de punições...
Noma’rey parou diante de Yue e o encarou nos olhos.
- E apesar de tudo eu estava disposto a deixar passar. Você com certeza acabaria morto nas linhas de frente de qualquer forma. – fez uma pausa onde deixou escapar um sorriso de desprezo. – Mas você tinha que se meter com meu regimento, não é mesmo?
Yue permanecia imutável. Silêncioso como sempre.
Observava o homem sem qualquer interesse e chegou a soltar um leve suspiro de tédio.
- Você parece gostar de lutar. Vamos ver até quando você aguenta...
“Espero que aprenda sua lição...” - E essa foi a ultima coisa que Yue se lembrou de ter ouviu antes das inúmeras batalhas terem inicio.
fosse uma assombração.
- Ele não parece normal...
pessoa, havia parado bem atrás dele. – Levante-se. Soldados só devem se servir depois dos...
olho esquerdo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário