No interior do castelo, na escura sala
iluminada apenas pela tênue luz que emana do cristal que se tornou berço da
pequena dama, estão inscritas nas paredes aquelas que provavelmente foram as
últimas palavras de Noova em Tempuria:
A vida é um sonho do qual eu não consigo
acordar...
Esta sensação me faz acreditar que há muito
tempo que estou morto. Que não passo de um fantasma vagando por este mundo,
arrastando as correntes que me prendem a passado.
A recordação de seu sorriso, do brilho do sol
refletindo em seu olhar... É como uma grande ferida em minha alma, aberta pelo
deleite do doce veneno de sua companhia... Uma ferida que jamais cicatrizou e
que mesmo no futuro, não irá cicatrizar.
O que nos resta então neste mundo? Para que
vivo senão para sofrer e fazer sofrer?
Se ao menos pudesse voltar atrás e mudar tudo
o que fiz...
Evitaria teu abraço por amor a ti... Iria
embora, desistiria de tudo... Ou até mesmo suportaria a dor que um dia tentei
evitar...
Iria sorrir ao te ver com outro e me alegraria
em seu casamento... Pois, por mais falsas que fossem minhas ações e por maior
tortura que isto representasse a mim, nada me tornou mais vazio que sua
ausência.
Nada me fez mais triste que te deixar...
Sou o último que restou e a eternidade nada me
acrescenta. Pelo contrário, me arrancou tudo que tinha e ainda agora luta.
A eternidade quer privar-me até mesmo de
continuar a te amar.
Devo aceitar isto...
...Talvez, afinal, nada deva viver para
sempre...
Espero, um dia, no outro mundo...
...Poder te reencontrar.
Aquele que caminha entre os dois
mundos...
Noova
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