Noova: Memorias (Parte 3 - Prologo)


No interior do castelo, na escura sala iluminada apenas pela tênue luz que emana do cristal que se tornou berço da pequena dama, estão inscritas na parede aquelas que provavelmente foram as últimas palavras de Noova em Tempuria...

A vida é um sonho do qual eu não consigo acordar.
Esta sensação me faz acreditar que há muito tempo que estou morto. Que não passo de um fantasma vagando por este mundo, arrastando as correntes que me prendem ao passado...
A recordação de seu sorriso, do brilho do sol refletido em seu olhar, é como uma grande ferida em minha alma, aberta pelo deleite do doce veneno que um dia foi companhia.
Uma ferida que jamais cicatrizou e que mesmo no futuro não irá cicatrizar.
O que nos resta então neste mundo? Para que vivo senão para sofrer e fazer sofrer?
Se ao menos pudesse voltar atrás e mudar tudo o que fiz...
Evitaria teu abraço por amor a ti. Iria embora, desistiria de tudo ou até mesmo suportaria a dor que um dia tentei evitar...
Iria sorrir ao te ver com outro e me alegraria em seu casamento, pois por mais falsas que fossem minhas ações e por maior tortura que isto representasse nada me tornou mais vazio que sua ausência.

... Nada me fez mais triste que te deixar.

Sou o último que restou e a eternidade nada me acrescenta. Pelo contrário, me arrancou tudo que tinha e ainda agora luta para privar-me até mesmo de continuar a te amar.
Devo aceitar isto.
Talvez, afinal, nada deva viver para sempre...

Espero, um dia, no outro mundo...
... Poder te reencontrar.

Aquele que caminha entre os dois mundos...

Noova.

A luz emana da drusa na qual Plim está dormindo como o pulsar de um coração. A cada vez que se manifesta uma tênue tela se forma próxima as paredes exibindo cenas do passado.

Seriam talvez frações de seus sonhos...?

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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